08 fevereiro 2018

Sobre a origem das espécies: resenha crítica

Samuel Wilberforce

O sr. Darwin escreve como cristão e não duvidamos de que o seja. Não acreditamos, por um momento, que seja daqueles que retêm num canto do coração uma descrença secreta que não ousam declarar; rogamos-lhe, portanto, que considere bem as bases nas quais marcamos sua hipótese com a acusação de tal tendência. Ele, em primeiro lugar, não declara obscuramente que aplica seu esquema da ação do princípio da seleção natural ao Homem assim como aos animais que o rodeiam. Ora, devemos dizer imediatamente, e abertamente, que tal noção é inteiramente incompatível não só com expressões únicas na palavra de Deus naquele assunto da ciência natural no qual não está imediatamente interessado, mas, o que em nossa opinião é muito mais importante, com a inteira representação daquela condição moral e espiritual do homem que é seu assunto apropriado. A supremacia derivada do homem sobre a terra; o poder de fala articulada do homem; o dom da razão que o homem possui; [o livre arbítrio] e a responsabilidade do homem; a queda e a redenção do homem; a encarnação do Filho Eterno; o abrigo do Espírito Eterno – tudo isso é igual e completamente irreconciliável com a ideia degradante da origem bruta do que foi criado à imagem de Deus e redimido pelo Filho Eterno reclamando para si sua natureza. Também inconsistente – não com expressões passageiras, mas com o esquema total das relações de Deus com o homem, como foi registrado por Sua palavra – é a ideia ousada do sr. Darwin sobre o maior desenvolvimento do homem até a uma extensão desconhecida de poderes, forma e tamanho através da seleção natural agindo na longa vista das idades que ele coloca confusamente sobre a terra nos indivíduos mais favorecidos de sua espécie. Não queremos estender o assunto nestas páginas. Já fizemos o bastante com o propósito de indicar, sucintamente, seu curso. [...]

Fonte: Hardin, G., org. 1967. População,evolução & controle da natalidade. SP, Nacional & Edusp. O trecho integra um artigo publicado originalmente em 1860.

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