17 agosto 2016

Números e algumas estimativas

Felipe A. P. L. Costa

A julgar pelo que vem se passando até agora, os Estados Unidos deverão sair vitoriosos dos Jogos Olímpicos de 2016 (Rio de Janeiro, 5 a 21/8). Os principais destaques positivos, no entanto, deverão ficar por conta da Austrália e do Japão, compensando o fraco desempenho que essas duas equipes tiveram nos Jogos de 2012 (ver o artigo ‘Números, estimativas e algumas lições’). As maiores frustrações, por sua vez, deverão ficar por conta da China e da Coreia do Sul.

A primeira de duas semanas

Sábado (13/8) à noite, encerradas as disputas, a contagem oficial (ver ‘Olympic medal count’) indicava que as onze primeiras posições eram ocupadas pelas seguintes delegações (entre parêntesis, o número de medalhas de ouro, prata e bronze, respectivamente): Estados Unidos (24, 18, 19), China (13, 11, 17), Grã-Bretanha (10, 13, 7), Alemanha (8, 5, 3), Japão (7, 3, 14), Rússia (6, 9, 8), Austrália (6, 7, 9), Itália (6, 7, 5), Coreia do Sul (6, 3, 4), França (5, 8, 5) e Hungria (5, 3, 3).

Temos uma segunda semana pela frente e mais da metade das medalhas ainda estarão em jogo. Todavia, admitindo que o calendário (em termos de modalidades) venha a repetir o que se passou nos Jogos de 2012 (Londres, 27/7 a 12/8), arrisco dizer que a classificação final não deverá fugir muito da seguinte projeção (entre parêntesis, duas estimativas para o número de medalhas de ouro e para o total de medalhas, uma levando em conta o desempenho em relação às demais equipes, outra levando em conta o percentual de medalhas da própria equipe): Estados Unidos (38-45 de ouro, 101-102 no total); China (16-25, 56-58); Grã-Bretanha (16-22, 48-49); Rússia (14-21, 45-48); Austrália (9-21, 35-44); Japão (8-25, 33-45); Alemanha (8-18, 32-33); Hungria (8-10, 23-27); Itália (7-9, 30-31); França (7-8, 23-24) e Coreia do Sul (7-8, 17).

Em 2012, a classificação final mostrava a presença desses mesmos países, embora em uma ordem diferente, a saber: Estados Unidos, China, Grã-Bretanha, Rússia, Coreia do Sul, Alemanha, França, Itália, Hungria, Austrália e Japão. É bom ressaltar que, este ano, em virtude dos cortes de atletas em diversas modalidades (ver matéria ‘Russia Olympics team could be cut to 40 amid IOC backlash’, de Bem Rumsby, publicada no The Telegraph, em 25/7/2016), a classificação final da Rússia poderá sofrer uma oscilação apreciável.

Para além da banalidade

Comparando os resultados de 2012 com as projeções aqui apresentadas, os dois maiores destaques positivos (i.e., as duas maiores ascensões) ficariam por conta da Austrália e do Japão. Por sua vez, as duas maiores frustrações ficariam por conta da China (perda de medalhas, embora talvez consiga manter o segundo lugar geral) e da Coreia do Sul (perda de medalhas e de posição).

Caberia ainda chamar a atenção para o desempenho acanhado de quatro dos países mais populosos do mundo (ver UN/Desa/Population Division), a saber: Índia (1,3 bilhão de habitantes), Brasil (208 milhões), Nigéria (182 milhões) e México (127 milhões). O mau desempenho da Índia é um caso particularmente intrigante – os indianos, ao que parece, além de uma desmedida paixão pelo críquete, um esporte não olímpico, têm suas próprias ‘Olimpíadas’ (ver matéria ‘Lamaçal olímpico’, de Daniel Brito e Ugo Araujo, publicada no portal UOL, s/d). Os nigerianos, por sua vez, têm prioridades mais básicas para resolver.

Restariam o Brasil e o México, países com uma renda per capita bem mais alta (México, US$ 9 mil; Brasil, US$ 8,5 mil; Nigéria, US$ 2,6 mil; Índia, US$ 1,6 mil – para detalhes, ver o relatório ‘GDP per capita’), mas onde a prática esportiva continua concentrada em apenas uma ou outra modalidade. Tamanha monotonia talvez ajude a explicar o fraco desempenho que as equipes desses dois países habitualmente têm em competições internacionais. É uma pena. No caso brasileiro, mais especificamente, ouso dizer que o nosso secular embotamento esportivo só irá mudar a partir do dia em que as aulas de educação física em nossas escolas conseguirem romper a inércia atual, superando a onipresença – e a banalidade – do futebol.

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