13 maio 2016

O diagrama da vida

Daniel S. Halacy Jr.

O [biólogo] alemão Walter Flemming descobriu que podia tingir aquela vaga mancha, avistada na célula por Robert Brown cinquenta anos antes. O processo de tintura tornou visíveis algumas coisas interessantes: no momento da divisão da célula, minúsculos corpos em forma de filamento retorcido se alinhavam aos pares no núcleo celular. Usou-se a palavra grega designativa de cor para descrever o processo, e foi daí que esses corpúsculos passaram a chamar-se ‘cromossomos’, ou seja, corpos coloridos.

Os cromossomos são visíveis ao microscópio. Descobriu-se que os seres humanos possuem 48 deles, dispostos aos pares – ou assim se acreditava até 1953, quando a cifra foi corrigida para 46 (a não ser que a pessoa seja portadora de sério defeito hereditário). Mas 46 ‘fatores’ parecia pouco para causar tudo quanto acontece durante o desenvolvimento do indivíduo. Os pesquisaram começaram a inferir, sem observar, o gene ou o diagrama da vida. Geneticistas americanos, entre os quais Thomas Hunt Morgan e Hermann J. Muller, começaram a estudar a mosca-das-frutas (que possui cromossomos bastante grandes) e a aprender que os genes são minúsculos componentes de cromossomos.

Em 1869, o químico alemão Friedrich Miescher isolou uma substância desconhecida no núcleo da célula, chamando-a ‘nucleína’. Sessenta anos depois, o bioquímico americano W. M. Stanley isolou uma linhagem do vírus do mosaico do tabaco, constituído não de células, mas de fragmentos semelhantes aos cromossomos. Contendo a descoberta de Miescher, o ácido nucleico, esse vírus podia fazer uma cópia de si mesmo no interior da célula que invadia. Com o vírus do mosaico do tabaco, a ciência quase isolou o gene. No decênio de 40, a revolução do ADN rebentou quando se descobriu que o ácido nucleico levava em si informações que controlavam e dirigiam o desenvolvimento da célula. Por volta do início da década de 50, as conjecturas de Linus Pauling e a obra de Maurice Wilkins, James D. Watson e Francis Crick conduziram à identificação e à descrição do próprio gene: a milagrosa ‘hélice dupla’ de ácido desoxirribonucleico, a gigantesca molécula de ADN.
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Fonte: Halacy, D. S., Jr. 1976. A revolução genética. SP, Cultrix.

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