13 abril 2016

Causação múltipla

John Losee

É prática comum nos estudos históricos da filosofia da ciência contrastar os pontos de vista de [John Stuart] Mill e de [William] Whewell. Muitas vezes Mill é apresentado como identificando a descoberta científica com a aplicação de um esquema indutivo, enquanto Whewell é apresentado considerando a descoberta científica como a livre invenção de hipóteses.

É fora de dúvida que Mill fez afirmativas imprudentes a favor dos seus métodos indutivos. Estes métodos certamente não são os únicos instrumentos de descoberta na ciência. Mas não obstante os comentários que Mill fez contra Whewell nesta disputa, ele obviamente reconhecia o valor da formação das hipóteses na ciência. É pena que os autores mais recentes tenham superestimado as afirmativas imprudentes de Mill no debate com Whewell.

Numa discussão da causação múltipla, por exemplo, Mill restringiu grandemente o domínio de aplicabilidade dos seus métodos indutivos. Os casos de causação múltipla são aqueles em que mais de uma causa se acha envolvida na produção de um efeito. Mill subdividiu os casos de causação múltipla em duas classes: casos em que as várias causas continuam a produzir os seus próprios efeitos separadamente, e casos em que o efeito resultante é diferente da soma dos efeitos que seriam produzidos separadamente. Mill subdividiu ainda esta última classe em casos onde o efeito resultante é a ‘soma vetorial’ das causas presentes, e os casos em que o efeito resultante difere em espécie dos vários efeitos das causas separadas. [...]

Fonte: Losee, J. 1979 [1972]. Introdução histórica à filosofia da ciência. BH & SP, Itatiaia & Edusp.

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