03 abril 2016

A cabra

Florisvaldo Mattos

Talvez um lírio. Máquina de alvura
sonora ao sopro neutro dos olvidos.
Perco-te. Cabra que és já me tortura
guardar-te, olhos pascendo-me vencidos.

Máquina e jarro. Luar contraditório
sobre lajedo o casco azul polindo,
dominas suave clima em promontório;
cabra: o capim ao sonho preferindo.

Sulca-me perdurando nos ouvidos,
laborado em marfim – luz e presença
de reinos pastoris antes servidos –

teu pelo, residência da ternura,
onde fulguras na manhã suspensa:
flor animal, sonora arquitetura.

Fonte (versos 1-4 e 14): Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1965.

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