02 janeiro 2016

Um pobre

E. R. Goilo

A suavidade de seu olhar roga que o ajudes.
Tem fome, nada tem, falta-lhe dinheiro para saciá-la,
Caminha pela estrada com a alma na mão,
Busca comida, talvez te peça pão...

Para em cada esquina onde possam ajudá-lo.
Quanto mais caminha, mais tristeza a aguardá-lo.
Olha muita gente em cada porta com afã
E tem medo, o chapéu estende: pobre, não podes vir amanhã?

Por que sua família, seu amigos não auxiliam?
Tem que suportar todos os dias o menosprezo de outra gente,
Com vergonha precisa pedir e sem faltar com a verdade
Nunca um pobre pisou no mundo com riqueza de amizade...

As pessoas ricas gozam com sorriso e falsidade,
Mas o pobre só pode viver à mercê da caridade.
Em sua alma a tristeza, no corpo o mal-estar.
Mas uma flor é sua pobreza para adornar de Deus o altar.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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