10 novembro 2015

Copo de água

Alberto de Lacerda

Que maravilha um copo de água!
Que transparência saborosa!
Penetra a luz nos nossos lábios
Como nos olhos uma rosa.

Ó material, imaterial
Incandescência, ponte clara!
Brasão da terra, misterioso,
Da terra boa, terra amara.

Ó doçura que nos inunda
Como um clarão vindo de tudo,
Ó água que vais abrigando
Neste copo teu riso mudo!

Mudo? Não sei. Talvez caudal
Já tenhas sido, eco celeste,
Céu que te abres ao corpo súplice,
Seda que a sede humana veste!

Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia dapoesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1961.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker