23 novembro 2015

Assim

Samih Al-Qasim

Como se planta uma palmeira no deserto,
Como minha mãe imprime, sobre minha dura testa, um beijo,
Como meu pai tira a capa beduína
E soletra as letras do alfabeto ao meu irmão,
Como lança os capacetes de guerra um pelotão,
Como a haste do trigo se alça na terra estéril,
Como ri uma estrela ao apaixonado,
Como seca a brisa o rosto fatigado do operário,
Como um grupo de amigos começa a cantar,
Como um estranho ao outro sorri afetuosamente,
Como um pássaro volta ao ninho da amada,
Como um menino porta sua pasta,
Como o deserto nota a fertilidade,
Assim pulsa em minha alma o arabismo!

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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