10 setembro 2015

A dança dos partidos

Correia de Almeida

Os dois estragadíssimos partidos
ocupam a seu turno a governança,
e nós imos vivendo de esperança
de ver os nossos males combatidos.

Os quinhões são de novo repartidos,
toda vez que se dá qualquer mudança;
se aquele outrora encheu, este enche a pança
e os clamores do povo são latidos.

Se as velhas leis têm sido violadas,
estando nossas crenças abaladas,
novas leis não darão melhores normas.

Palavras eu não sei se adubam sopa,
mas a fala do trono é que não poupa
reformas e reformas e reformas.

Fonte: Araújo, M. M. 2007. Com quantos tolos se faz uma república? BH, Editora UFMG. Poema publicado em livro em 1887.

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