07 março 2015

Ao chegar à Bahia vindo de New York

Domingos Borges de Barros

Salve ó berço onde vi a luz primeira!
Risonhos montes, deleitosos ares!
Eu te saúdo, ó pátria!

Como no peito o coração festeja!
Todo me sinto outro: são delícias
Quando em torno a mim vejo.

Tem outro ar o Céu, outro estas árvores!
Por onde adeja Zéfiro embalsama!...
Dá que te beije ó terra!

Deste que só tu dás prazer, três lustros,
Privado, qual proscrito arrasto a vida
Em forçados errores.

Ó quanto da ventura o ledo aspecto
Das passadas desgraças a lembrança
Nos apresenta viva!

Não houvera prazer se a dor não fora;
Perene fácil gozo, toma a essência
Da fria indiferença.

Aqui foi que eu nasci, devo a existência,
Devo tudo o que sou a ti ó pátria!
Eis-me, é teu quanto valho.

É nos trabalhos que no peito ferve
O nobre patriotismo: o braço, o sangue.
Aqui te entrego ó pátria!

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 2. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1821.

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