05 janeiro 2015

Diante do mar


Também estou diante do mar
a partir de mim.
para descobrir não sei o quê.
Como se não estivesse
também estou diante do mar
a colher ostras e estrelas.

Guardo bem o sentido da vida
como se a mim fosse permitido
aguardar os sentimentos das tardes.

Também estou diante do mar
como se a saltar de um abismo
e a calar as aves e as nuvens
dessas que vivem por cima das águas
e no fundo do olhar.

Também estou diante do mar
como se a partir sempre para lugar nenhum
as redor da palavra
esse ato de morrer.

Não sou neste silêncio do rio
o braço do oceano
em que navego pressentimentos.

faz viver ainda mais este poema
como se à poesia
fosse possível salvar o mundo.

Também estou diante do mar
a ver o avental cheio de uvas
também estou
como se não estivesse
a partir de mim e comigo
em busca de não sei do quê.

Fonte: Alves, A. A. 2008. Melhores poemas: Álvaro Alves de Faria. SP, Global. Poema publicado em livro em 2002.

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