13 setembro 2014

O mar

Eustaquia Terceros

Meu país não tem mar.
Rodeado de brancas cordilheiras,
Vigiado pelo poderoso Illimani,
Já não tem pulmões,
Já não tem mar.

Ó mar, ó mar!
Como é possível que esse mar já não conheça,
Que a ele já não possa chegar?
Onde estás, ó mar?

Irmãos da América,
Cidadãos do mundo
Como todos sabem,
Este país era igual
Ao vosso.

Era o predileto de Simão Bolívar
Que o deixou íntegro.
Bem delimitado,
Com o seu mar.
Neste lugar nos entregou.

Agora os inimigos chilenos,
Depois de apoderar-se, depois de explorá-lo
Não querem mais deixá-lo.
Nosso pulmão, nosso mar.

Haverá, contudo, um dia,
Quer queiram ou não,
O mar voltará a nós.
A nosso país que já não tem mar.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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