03 setembro 2014

Nostalgia panteísta

Augusto de Lima

Um dia interrogando o níveo seio
de uma concha voltada contra o ouvido,
um longínquo rumor, como um gemido
ouvi plangente e de saudades cheio.

Esse rumor tristíssimo escutei-o;
é a música das ondas, é o bramido,
que ela guarda por tempo indefinido,
das solidões marinhas donde veio.

Homem, concha exilada, igual lamento
em ti mesmo ouvirás, se ouvido atento
aos recessos do espírito volveres.

É de saudade, esse lamento humano,
de uma vida anterior, pátrio oceano
da unidade concêntrica dos seres.

Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1887.

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