10 agosto 2014

Os mortos

Jan Skácel

Estão sempre conosco os nossos mortos
e, de fato, jamais estamos sós.

E vêm como sombras
no cabelo as cinzas e pedaços de argila.

Seus rostos parecem anuviados
e contudo nos reconhecemos.

Suavemente cheiram suas mãos
ao lóio que no ano passado florescia.

Cumprimentam silenciosamente, como a um dos seus,
a mim, mutilado pelo tempo presente.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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