21 junho 2014

Noites de inverno

Eugène Marais

Oh! frio é o vento,
desolado.
Vastos como a misericórdia divina,
jazem os campos sob a luz das estrelas,
na sombra.
E alto, nos confins dispersos,
nos terrenos queimados,
as sementes se movem
como mãos acenando.

Oh! triste é a melodia
quando fustiga o vento do este,
como a jovem que perdeu seu amado.
Na dobra de cada folha de grama
brilha uma gota de orvalho
e rapidamente empalidece,
até transformar-se em grama, na friagem.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM. Poema originalmente publicado em 1905.

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