21 abril 2014

Embarque para Citera

Emiliano Perneta

De resto, quanto a mim, a mais doce quimera
É sempre essa ilusão de uma nova paisagem,
E por isso também, por isso quem me dera
Que a minha vida fosse uma grande viagem.

Quem me dera poder, à tarde, quando a aragem
Sopra ríspida, entrar na primeira galera,
E errando sobre o mar, ó rude marinhagem,
No outono, estar aqui, e ali, na primavera!

Quando o encanto, porém, sorri, quando me vejo,
Ora num coração, ora noutro, que esteve
A palpitar por mim de orgulho e de desejo;

Ah! quando vibro assim! É melhor, na verdade,
Que se andasse no mar numa trirreme leve,
De prazer em prazer, de cidade em cidade...

Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1911.

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