01 outubro 2013

O princípio da propriedade emergente

Eugene P. Odum & Gary W. Barrett 

Uma conseqüência importante da organização hierárquica é que, à medida que os componentes, ou subconjuntos, se combinam para produzir um todo funcional maior, emergem novas propriedades que não estavam presentes no nível inferior. Por conseguinte, uma propriedade emergente de um nível ou unidade ecológica não pode ser prevista com base no estudo dos componentes desse nível ou unidade. Outra forma de expressar o mesmo conceito é a propriedade não redutível – ou seja, uma propriedade do todo não é redutível da soma das propriedades das partes. Embora descobertas em qualquer nível auxiliem no estudo do próximo nível, nunca explicam completamente os fenômenos que ocorrem no próximo nível, o qual deve ser estudado por si só para completar o panorama.
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Salt (1979) sugeriu uma distinção entre propriedades emergentes, como previamente definido, e propriedades coletivas, que são o somatório dos comportamentos dos componentes. Ambos são propriedades do todo, mas as propriedades coletivas não envolvem características novas ou únicas resultantes do funcionamento da unidade como um todo. A taxa de natalidade é um exemplo de propriedade coletiva do nível de população, pois é a soma dos nascimentos de indivíduos em um período de tempo determinado, expressa como uma fração ou percentual do número total dos indivíduos na população. As novas propriedades emergem porque os componentes interagem, não porque a natureza básica dos componentes é modificada. As partes não se “fundem” do modo que se encontram, mas se integram para produzir novas propriedades únicas. Pode-se demonstrar matematicamente que as hierarquias integrativas evoluem mais rápido tendo como base seus constituintes do que sistemas não hierárquicos com o mesmo número de elementos; são também mais resilientes na resposta às perturbações. Em teoria, quando as hierarquias são decompostas em seus vários níveis ou subsistemas, os últimos podem ainda interagir e reorganizar-se para atingir um nível mais alto de complexidade.
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Fonte: Odum, E. P. & Barrett, G. W. 2007. Fundamentos de ecologia, 5ª edição. SP, Thomson.

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