17 outubro 2013

Em busca do inconsciente

Jonathan Miller

1.
Foi com um ceticismo mal-humorado que o cirurgião escocês James Braid compareceu a uma demonstração pública de Magnetismo Animal na noite de 13 de novembro de 1841. Depois de tudo o que lera e ouvira sobre os transes ocorridos durante tais demonstrações por ordem do operador – a pessoa que induzia os transes –, conta-nos ele que estava “definitivamente propenso a alinhar-se com aqueles que consideravam a coisa toda um sistema de burla e charlatanice, ou fruto de imaginação excitada, simpatia ou imitação”. Após observar os fatos, concluiu que os transes eram genuínos, mas ao mesmo tempo sentiu-se aliviado “por não dependerem eles de nenhuma atuação ou emanação comunicada pelo corpo do operador ao do paciente, como pretendem os magnetizadores animais”. Voltou à demonstração quando foi repetida a pedido do público, uma semana depois, e dessa feita achou que havia identificado a causa dos acessos misteriosamente pontuais do “sono nervoso”. Iria devotar os 18 últimos anos de sua vida ao assunto, e, com o título patenteado de Hiptonismo, explicar e redescrever o processo em termos que seriam irreconhecíveis para seu descobridor setecentista, Franz Anton Mesmer.
[...]

Fonte: Miller, J. 1997. Em busca do inconsciente. In: Silvers, R. B., org. Histórias esquecidas da ciência. RJ, Paz e Terra.

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