31 maio 2012

A ciência da ecologia vegetal

Jessica Gurevitch, Samuel M. Scheiner & Gordon A. Fox

A ciência biológica da ecologia é o estudo das relações entre organismos vivos e seus ambientes, das interações dos organismos uns com os outros, e dos padrões e das causas da abundância e distribuição dos organismos na natureza. Neste livro, consideramos a ecologia a partir da perspectiva das plantas terrestres. A ecologia vegetal é tanto uma parte da disciplina de ecologia quanto um espelho do campo inteiro. Em Ecologia vegetal, abordamos alguns tópicos que você pode encontrar em um livro-texto de ecologia geral, ao mesmo tempo em que nos concentramos nas interações entre plantas e seus ambientes ao longo de uma faixa de escalas. Incluímos, também, alguns assuntos que são exclusivos das plantas, como a fotossíntese e a ecologia das interações planta-solo, e outros que têm aspectos singulares no caso das plantas, como a obtenção de recursos e de parceiros.
[...]

A ecologia, como toda a ciência, está construída sobre um tripé de padrão, processo e teoria. Os padrões consistem em relações entre partes ou entidades do mundo natural. Os processos são causas daqueles padrões. As teorias, explicações daquelas causas. Ao conduzirem pesquisa científica original, os ecólogos procuram documentar padrões, entender processos e, por fim, construir teorias que expliquem o que foi encontrado.
[...]

Uma importante tendência na ecologia contemporânea, incluindo a ecologia vegetal, é aquela direcionada para projetos de pesquisa maiores, mais integrados, que envolvam muitos colaboradores e que examinem fenômenos ao longo de grandes escalas de espaço e tempo ou ao longo de níveis de organização. Exceto pela subdisciplina de ecologia de ecossistemas, que estava conduzindo pesquisas com grandes equipes de cientistas na década de 1970, tais estudos envolvendo múltiplos investigadores eram muito raros em ecologia até recentemente. Tais estudos podem cobrir uma faixa que vai desde a genética molecular até ecossistemas e sistemas sociais, e estão desfazendo muitas das barreiras tradicionais entre subdisciplinas. A ecologia vegetal está passando por tempos estimulantes e esperamos que você se sinta igualmente estimulado ao ler este livro.

Fonte: Gurevitch, J.; Scheiner, S. M. & Fox, G. A. 2009 [2006]. Ecologia vegetal, 2ª edição. Porto Alegre, Artmed.

29 maio 2012

Luz


Em cima da cômoda
uma lata, dois jarros, alguns objetos
entre eles três antigas estampas
Na mesa duas toalhas dobradas
uma verde, outra azul
um lençol também dobrado livros chaveiro
Sob o braço esquerdo
um caderno de capa preta
Em frente uma cama
cuja cabeceira abriu-se numa grande fenda
Na parede alguns quadros

Um relógio, um copo.

Fonte: Hollanda, H. B., org. 2001 [1976]. 26 poetas hoje, 4ª edição. RJ, Aeroplano. Poema publicado em livro em 1974.

27 maio 2012

O caminho e o vulcão


Ignacio Barrios (1930-). Camino al Xinantécatl. s/d.

Fonte da foto: Wikipedia.

25 maio 2012

Noite de estrelas

Lamartine F. Mendes

A noite cai. O espaço se perfuma
Das essências que o vento na asa encerra.
No alto, ao abrir dos manacás na terra,
Abrem rosas de fogo, uma por uma...

A cachoeira soluça sob a espuma
Que, alva e sem rumo, a flor dos flancos lhe erra.
Monstruosa catedral informe, a serra
O perfil arrogante alteia e apruma.

Bailam nos ares luminosos rastros.
E é tal a confusão de insetos e astros,
Broslando de ouro o alcandorado céu,

Que, olhando o azul e as luzes que o povoam,
Não sei bem se as estrelas é que voam,
Se os vagalumes é que estão no céu.

Fonte (os dois tercetos): Lenko, K. & Papavero, N. 1979. Insetos no folclore. SP, Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas. Poema publicado em livro em 1928.

23 maio 2012

Os guardiões de privilégios

Bolivar Costa

Os grandes burocratas da administração civil e os oficiais graduados das forças armadas compõem a subcamada mais estável da classe média superior. Protegidos por uma constelação de privilégios inerentes aos cargos que ocupam (estabilidade funcional, vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos, entre outros), gozam, ao menos formalmente, de certa independência.
[...]

O caso dos militares graduados, particularmente nos países dependentes, reveste-se de características específicas. Preparados nas academias de guerra para a aplicação dos princípios e regras da tática e da estratégia nos campos de batalha, a maior parte da oficialidade eleva-se hierarquicamente sem jamais deparar-se com a oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos técnicos, a não ser na exterioridade teatral das manobras militares. Com o passar dos anos, essa inoperância profissional, agravada pela medíocre rotina da vida da caserna, transforma-se em frustração. Ao mesmo tempo, a inevitável comparação das despreparadas forças armadas a que pertence com as altamente sofisticadas máquinas militares das grandes potências constituiu ponderável fator de fixação do complexo de superfluidade que marca tão profundamente a grande burocracia armada das áreas subdesenvolvidas.
[...]

Responsáveis, em última análise, pela formulação teórica e execução da política de preservação do sistema, os grandes burocratas do serviço público constituem, de fato, o segmento menos independente das classes médias. Por força da posição fundamental que ocupam na estrutura do poder e do caráter absolutamente instrumental de sua função no aparelho do estatal, dificilmente conseguem ter interesses diversos dos da oligarquia, sem que sejam por isso expurgados. A realização suprema dessa camada consiste, essencialmente, na fruição material e moral das delícias propiciadas pela detenção de considerável parcela de poder. Embora a maioria desses elementos mantenha comportamento caracteristicamente pequeno-burguês, sobretudo no âmbito familiar, a projeção funcional torna-lhe supérflua a a capacidade de aspirar a uma integração no núcleo do sistema, sem, contudo, proporcionar-lhe, em toda a plenitude, as vantagens do poder.

Fonte: Costa, B. 1974. O drama da classe média. RJ, Paz e Terra.

21 maio 2012

Ode à pátria

Eduardo Ritter Aislán

Pelos fecundos prados onde sega
Sua dor infinita e renovada
A vasta emigração do pensamento,
Volta a esculpir sua voz de essência dissipada

O trânsito floral de um sonho roto.

Voltam a arar a terra da memória
A letal erosão das esperanças,
A ferrugem do amor adolescente
E a vigência tenaz de um desencanto.

Arrastam outra vez cadeias infrangíveis
Os fugazes anelos liberados,
E nos duros barrotes do silêncio
Voltam desertas vozes a agarrar-se.

Voltam vozes cordiais, a aflorarem na hera
Que recobre as paredes de muitos desenganos,
E da habitual tertúlia
Também volta a alegria
A assomar seu tremor de nubentes gerânios.

Volta o cinzel azul de meus anseios
A cinzelar com ouro
As ondas do mar pátrio
Nas praias sossegadas da memória.

E voltam a legar
Sua atônita brancura
Os áridos caminhos que a puerícia
Incorporou à vida
E a franjar, com eflúvios
De nardos e de cravos,
Pátria, tua presença imperecível.

Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira.

19 maio 2012

Deuses do mundo moderno



José Clemente Orozco (1883-1949). The epic of American civilization [trecho]. 1932-4.

Fonte da foto: Wikipedia.

17 maio 2012

Pobreza urbana

Milton Santos

5.
As teorias do desenvolvimento têm sido apresentadas como soluções para corrigir as desigualdades entre indivíduos, regiões e países. Admite-se, geralmente, que essas teorias exigem um quadro de referência internacional, ou seja, um modelo estranho aos países envolvidos. A idéia de planejamento, um corolário do desenvolvimento, muito contribuiu para reforçar esse ponto de vista, o chamado objetivo final, que seria encontrar medidas para eliminar, tanto quanto possível, as disparidades. Todavia, apesar de terem decorrido trinta anos desde que os conceitos de desenvolvimento e planejamento tornaram-se idéias-força, as desigualdades não pararam de aumentar a nível individual, regional e internacional. A interminável discussão a respeito do que constitui crescimento e desenvolvimento tem sido estéril. Isso ocorre porque, ao invés de partirem da realidade, os teóricos tendem a adotar uma formulação irreal como quadro de referência, perseguindo uma ‘ilusão’, como diria Bachelard. O medo de continuar a planejar a pobreza indefinidamente é um estímulo suficiente para se fazer uma tentativa de abordar o problema de maneira diferente.

A extrema penúria em que vivem centenas de milhões de seres humanos tem sido objeto de vasta literatura. A pobreza urbana, ou melhor, os aspectos da pobreza ligados diretamente à urbanização, têm sido alvo de grande parte dessa atividade intelectual febril e determinada. Contudo, o problema real encontra-se na explicação da pobreza.
[...]

Fonte: Santos, M. 1979. Pobreza urbana, 2ª edição. SP, Hucitec.

15 maio 2012

Alma sonora

Gilberto Amado

Sobe, às vezes, em mim uma revoada
De tantos versos soltos murmurando,
Que eu me assemelho a uma árvore encantada,
Cujas folhas são pássaros cantando.

E o canto dessas aves prisioneiras
Enche-me o peito de harmonia tal,
Que eu fico sem sentir horas inteiras
Debaixo de uma sombra musical.

Num silêncio sonoro transformado.

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 6. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1917.

13 maio 2012

Verão coincidente


Eis como o verão
se abre de manhã
a começar nas pedras
e nas algas

Morno

flexível

um círculo aberto
na palma de mão fechada

sintoma branco de espuma
a predizer sobre um barco
horizontes de silêncio
em rua desencontrada

Mulher deitada num
quarto

Presença
sombra
desordem
ou árvore a vigiar
no começo de uma estrada

Dentro da luz que suspende
na lâmpada
o espaço intacto
verão de tacto na cidade
ao nível de uma casa

Terra nome
ajoelhada

terra dor

ou terra margem

no início foi a porta
dum templo disseminado

Eis como o verão
se entreabre
no começo de uma tarde

Dissolvido

quase árido

sobre os ombros tão
pesado
a corroer nos buracos
o homem que a trabalhar
desanima e não renasce

Flor de punho apertado
incitando à liberdade

inicial como um crime
que purifica e não
arde

Pela paz
é pela voz
que o verão traz a igualdade

Verão delírio
e defraudado
gaivota num caís de embarque

Verão dureza na cidade

Lento

escaldante

Uma cabra

no vidro o brilho
da água
que se entorna descuidada

Curto

Sexo

Ambiguidade
de abelha
memória alada

Verão de beijo
ou de saudade

Verão de amor
sobre uma praia

muralha dificuldade
de movimentos arrastados

Verão de corpo
sono ou bronze

suicídio sem cadáver

Verão passado
imponderável

Calmo

Intacto

Vegetal

Verão metal arrepiado
debruçado num
terraço

Liso dócil maleável

Eis como o verão
para a noite
se desdobra e se refaz

Cílio
animal convexo
poente insubordinado

Noite mole pelos
dedos

diagonal
pelo o hálito

Sedução
ou movimento

Eis como o verão
é mais lento
nos peixes de um aquário
plantas
e sonolentos submarinos cinzelados

Eis como o verão
oceano

verão distância

verão parágrafo

é infância de momento
ao recordar por palavra

Para lá inumerável
na espessura paralela
da retina ou no vácuo

Verão que ao contrário
é fêmea
cor habitada por baixo

e sobre a anca ou asfalto
sucessão intimidade

Eis como o verão
na madeira é objecto
ou na areia
pernoita dentro das algas

Fonte (com pequenos ajustes): Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em livro em 1962.

12 maio 2012

Cinco anos e sete meses no ar

F. Ponce de León

Neste sábado, 12/5, o Poesia contra a guerra completa cinco anos e sete meses no ar. Ao fim do expediente de ontem, o contador instalado no blogue indicava que 168.546 visitas foram registradas ao longo desse período.

Desde o balanço mensal anterior – Sessenta e seis meses no ar – foram aqui publicados textos dos seguintes autores: Alberto Torres, Décio Pignatari, John Pekkanen, Maria José Aranha de Rezende, Richard Wagner, Ronald Melzack, Salvador Díaz Mirón e Willard Van Orman Quine. Além de alguns outros que já haviam sido publicados em meses anteriores.

Cabe ainda registrar a publicação de imagens de obras dos seguintes pintores: Maria Sibylla Merian, Pierre Puvis de Chavannes e William Morris Hunt.

11 maio 2012

Tempo e espaço

Richard Wagner

Para julgarmos corretamente e deleitarmo-nos perfeitamente com A flauta mágica, temos de pedir a um desses sábios espiritualistas de hoje em dia que nos transporte para o Theater an der Wien no ano de sua primeira produção.

Que A flauta mágica, de forma incomensurável, excedeu o pedido [a Mozart] (já que aqui, nenhum indivíduo, mas toda uma raça inteiramente nova parece ter nascido), tem de ser aceito como a razão pela qual esta obra permanece isolada e inatribuível a qualquer época específica. Aqui, o eterno e o temporal encontram-se para todas as épocas e todas as gentes.

Fonte: Solman, J. 1991. Mozartiana: dois séculos de notas, citações e anedotas sobre Wolfgang Amadeus Mozart. RJ, Nova Fronteira. Trecho originalmente publicado em livro em 1878.

09 maio 2012

De frente para o inimigo


[Abertura]
Muitos animais tóxicos, impalatáveis ou de algum outro modo perigosos alertam seus predadores por meio de ‘sinais de advertência’ (aposematismo). Embora o uso de um mesmo sinal por linhagens distantes (analogia mimética) seja conhecido desde a Antiguidade, só em 1862 o fenômeno recebeu uma explicação consistente. Naquele ano o naturalista inglês Henry Walter Bates (1825-1892) relacionou o aposematismo à impalatabilidade, construindo uma base explicativa para o que viria a se chamar ‘mimetismo batesiano’: presas palatáveis, ao imitar sinais emitidos por modelos impalatáveis, ganham alguma proteção contra predadores. Além de oferecer uma hipótese evolutiva bastante plausível, esse trabalho é ainda hoje um dos relatos mais convincentes sobre o processo de adaptação por seleção natural.

*

Um amplo e variado conjunto de evidências mostra que interações ecológicas do tipo predador-presa tiveram um papel fundamental na história evolutiva de diferentes linhagens de seres vivos. A assimetria dessas interações impõe uma espécie de ‘corrida armamentista’: a seleção natural favorece predadores com sistemas de ataque que facilitem a exploração de suas vítimas, ao mesmo tempo em que favorece presas com sistemas de defesa que dificultem a ação de seus inimigos naturais.

No plano individual, a relação predador-presa pode ser examinada como um processo em cinco etapas: detecção, reconhecimento, ataque, captura e subjugação. Cada uma delas tende a exigir defesas específicas, de sorte que a característica morfológica ou comportamental que funciona para evitar a detecção costuma ser de pouca serventia em etapas mais avançadas. Além disso, as defesas se tornam menos eficazes e mais custosas à medida que o processo avança – quer dizer, é mais seguro e mais simples evitar a detecção do que escapar das garras de um predador.

No caso específico de presas animais, as características antipredação podem ser arranjadas em dois grupos: defesa primária e secundária. O primeiro grupo abriga basicamente caracteres morfológicos que dificultam a detecção e o reconhecimento e cuja manifestação independe da presença do predador. Por exemplo, i) o predador não detecta a presa: anacorese (hábito de se esconder em tocas e frestas) e camuflagem (semelhança com o fundo); ii) o predador detecta a presa, mas não a reconhece como item alimentar: aposematismo (coloração conspícua, destoando do fundo; a coloração por si só não é uma defesa, mas um alerta que adverte potenciais predadores de que o animal é tóxico, impalatável ou de algum outro modo ameaçador) e mimetismo (semelhança entre indivíduos de espécies distintas).

O segundo grupo abriga principalmente padrões comportamentais que visam desestimular o ataque ou impedir que, tendo iniciado, resulte em captura e subjugação. Algumas defesas secundárias estão associadas a caracteres morfológicos; outras não. No último caso, a manifestação do comportamento defensivo costuma ocorrer apenas na presença do predador. Por exemplo, i) a presa detecta o predador: retirada (escape sorrateiro para um abrigo previamente preparado) e fuga (escape apressado e mais ou menos errático para longe); ii) a presa não consegue evitar o confronto: comportamento deimático (presa regurgita conteúdo estomacal ou expele substância repelente); tanatose (presa finge de morta, desestimulando predadores que só ingerem presas que eles subjugam); reorientação do ataque (o sentido do eixo ântero-posterior do corpo parece invertido, redirecionando o ataque para uma região menos crítica, como a cauda) e retaliação (presa volta-se contra o predador).

Camuflagem e mimetismo

Embora predadores também se camuflem e mimetizem, a camuflagem e o mimetismo serão tratados aqui apenas como sistemas de defesa.
[...]

Fonte: Costa, F. A. P. L. 2012. De frente para o inimigo. Ciência Hoje 292: 80-83.

07 maio 2012

O pobre pescador


Pierre Puvis de Chavannes (1824-1898). Le pauvre pêcheur. 1881.

Fonte da foto: Musée d’Orsay.

05 maio 2012

Media luna


La luna va por el agua.
¡Cómo está el cielo tranquilo!
Va segando lentamente
el temblor viejo del río
mientras que una rama joven
la toma por espejito.

Fonte: Lorca, F. G. 2002. Os encontros de um caracol aventureiro. SP, Ática. Poema publicado em livro em 1922.

03 maio 2012

Beba coca cola

Décio Pignatari

beba    coca     cola
babe             cola
beba    coca
babe    cola     caco
caco
cola
            cloaca

Fonte: Cereja, W. R. & Magalhães, T. C. 1995. Literatura brasileira. SP, Atual. Poema publicado em livro em 1977.

01 maio 2012

Por que dormimos?

John Pekkanen

“Se o sono não serve a uma função absolutamente vital”, diz Allan Rechtschaffen em seu livro O controle do sono, “então é o maior erro que o processo evolutivo já cometeu”.

O impulso de dormir é irresistível: passamos um terço de nossas vidas dormindo e sentimo-nos muito mal quando não dormimos o suficiente. E, no entanto, depois de mais de três décadas de pesquisas, ainda não temos certeza sobre a função de dormir. Pergunte a alguns pesquisadores do sono a razão de dormirmos e a resposta mais provável será: “Porque ficamos cansados”.

As tentativas de se determinar a razão de dormir conduziram os pesquisadores a direções as mais variadas. Na Universidade Emory, em Atlanta, Gerald Vogel tem efetuado estudos para determinar o papel do sono de movimento rápido dos olhos (REM), isto é, do sonho, em nosso comportamento quando acordados. Uma das primeiras especulações afirmou que, se o sono REM fosse suprimido, tal fato inevitavelmente levaria a pessoa à psicose. A idéia, descartada há algum tempo, dizia que, se fosse suprimido o sono REM, os sonhos seriam forçados a ocorrer durante o comportamento acordado e resultariam numa espécie de “estado de sonho”, semelhante a algumas formas de esquizofrenia.
[...]

Fonte: Leigh, J. & Savold, D., orgs. 1991 [1988]. O dia em que o raio correu atrás da dona-de-casa... e outros mistérios da ciência. SP, Nobel.

eXTReMe Tracker