09 dezembro 2011

Análise

Jean Richepin

Ó lágrimas, em que se vão nossos rancores,
Qual proceloso céu, fuliginoso, troante,
Elétrico, e que esvai-se em chuva num instante;
Ó lágrimas, ó mais suave dos licores,

Quando vos bebe o amante a beijos vencedores,
Qual bebe o sol, passivo o chuveiro, anelante
Pelas nuvens que enxuga, o arco-íris brilhante;
Ó lágrimas, que assim caís de nossas dores,

Como o orvalho da flor cai do quebrado cálice;
Vauquelin e Fourcroy fizeram-vos a análise,
Ó lágrimas, e os dois, no crisol, afinal,

Encontraram, por junto, o que aqui vai escrito:
Água, sal, soda, muco e fosfato de cal.
Ó lágrimas, ideal rocio d’alma!... Bonito!

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 4. SP, Cultrix & Edusp. Poema original publicado em livro em 1884.

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