22 abril 2011

Viagem pelo Amazonas

Charles-Marie de La Condamine

No fim de março de 1743, depois de passar seis meses num deserto em Tarqui, perto de Cuenca, no Peru, ocupado noite e dia em lutar contra um céu pouco favorável à astronomia, recebi do sr. [Pierre] Bouguer a comunicação de que ele fizera perto de Quito, na extremidade setentrional do nosso meridiano, diversas observações de uma estrela situada entre nossos dois zênites, várias delas nas mesmas noites em que eu a observara por meu lado, na extremidade austral da mesma linha. Com essas observações simultâneas, cuja importância eu assinalara com muita insistência, havíamos adquirido a singular vantagem de poder concluir diretamente, e sem nenhuma hipótese, a verdadeira amplitude de um arco de 3º do meridiano, cujo comprimento conhecíamos geometricamente, e de tirar essa conclusão sem ter nada a temer das variações, quer ópticas, quer reais e até desconhecidas, nos movimentos da estrela, uma vez que essa amplitude fora apreendida no mesmo instante pelos dois observadores, nas duas extremidades do arco. Ao voltar à Europa alguns meses antes de mim, o sr. Bouguer participou nosso resultado na última assembléia pública. Esse resultado está de acordo com o das operações feitas no círculo polar. Não está menos de acordo com as últimas, executadas na França, e todas conspiram para fazer da Terra um esferóide achatado nos pólos. [...]

Fonte: La Condamine, C.-M. 1992 [1745]. Viagem pelo Amazonas: 1735-1745. RJ & SP, Nova Fronteira & Edusp.

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