29 dezembro 2009

Biologia do envelhecimento

Robert Arking

1.
Através dos séculos, os sábios mostraram que muitos dos mais profundos aspectos da cultura humana e que os esforços humanos algumas vezes trágicos contra o destino se originam do fato de que todos nós devemos morrer. A fina arte e as principais religiões derivam do contraste de nossas ambições e sonhos ilimitados e de nossa prisão temporal. Não está claro quando este conceito surgiu; de fato, é incerto se qualquer outra espécie compartilha conosco o reconhecimento da inevitabilidade da morte, embora alguns primatas possuam a sensação de consciência individual. Nossos ancestrais neolíticos, certamente, estavam quase conscientes do nosso destino comum e sentiam a mesma tensão, pois há quase 50 [mil] anos em Shanidar, atual [Iraque], eles enterravam os seus mortos em canteiros de flores silvestres.

Então, assim como hoje, senescência e morte provavelmente teriam sido aceitas pela maioria das pessoas como condições inevitáveis da existência. Os poucos dissidentes procuravam uma poção mágica ou a fonte da juventude, na tentativa de escapar do destino. A maioria simplesmente buscava uma explicação para justificar o destino e satisfazia-se com uma interpretação sobrenatural ou religiosa. Todos estavam cientes de que os humanos envelhecem. Nossa preferência pelo novo não é apenas devido ao esforço da indústria em nos vender o seu último item de consumo. Enquanto crescemos, cada um de nós absorve a verdade inegável de que coisas velhas tendem a se desgastar e quebrar: brinquedos velhos, carros velhos, máquinas velhas – e pessoas velhas.
[...]

Fonte: Arking, R. 2008. Biologia do envelhecimento, 2ª edição. Ribeirão Preto: Funpec.

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