16 fevereiro 2009

Um naturalista no rio Amazonas

Henry Walter Bates

1.
Embarquei em Liverpool no dia 26 de abril de 1848 num pequeno navio mercante, em companhia do Sr. Wallace, e depois de uma rápida viagem desde o Canal da Irlanda até o equador chegamos no dia 26 de maio a Salinas. Trata-se de uma escala obrigatória para todas as embarcações que se destinam ao Pará, sendo o único porto que dá acesso à vasta região banhada pelo rio Amazonas. Salinas é um pequeno povoado que teve sua origem numa missão jesuítica e fica situado alguns quilômetros a leste do rio Pará. Nosso navio lançou âncoras em alto mar, a uma distância de nove quilômetros da costa, pois a pouca profundidade da água na foz do grande rio não permitia uma aproximação maior. Em seguida foi hasteado o sinal convencional pedindo um piloto. Foi com um profundo interesse que meu companheiro e eu – ambos ávidos para apreciar as belezas de um país tropical – contemplamos a terra onde pelo menos eu iria passar onze dos melhores anos de minha vida. Na direção do leste as terras nada apresentavam de notável, mostrando-se apenas levemente onduladas, com dunas de areia e árvores esparsas; para o oeste, porém, podíamos ver com a ajuda da luneta do capitão, e estendendo-se na direção da embocadura do rio, uma longa linha de vegetação elevando-se praticamente da água, formada por uma densa massa de altas árvores, que se iam repartindo em grupos e finalmente se transformavam em árvores isoladas à medida que se perdiam na distância. Nessa direção ficavam os limites da grande floresta primitiva, característica da região, que contém tantas maravilhas em seu seio e cobre a superfície do país numa extensão de três mil quilômetros , a partir daquele ponto até o sopé dos Andes.
[...]

Fonte: Bates, H. W. 1979 [1863]. Um naturalista no rio Amazonas. BH & SP, Itatiaia & Edusp.

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