29 novembro 2008

No ermo da mata o som da trompa ecoa

Paul Verlaine

No ermo da mata o som da trompa ecoa,
Vem expirar embaixo da colina.
E uma dor de orfandade se imagina
Na brisa, que em ladridos erra à toa.

A alma do lobo nessa voz ressoa...
Enche os vales e o céu, baixa à campina,
Numa agonia que à ternura inclina
E que tanto seduz quanto magoa.

Para tornar mais suave esse lamento,
Através do crepúsculo sangrento,
Como linho desfeito a neve cai.

Tão brando é o ar da tarde, que parece
Um suspiro do outono. E a noite desce
Sobre a paisagem lenta que se esvai.

Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira. Poema originalmente publicado em 1880.

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