04 novembro 2008

A arte

Henri Zerner

A história da arte, o discurso sobre a arte, está preso, para não dizer que está comprimido, entre a historia e a crítica. Empírica e positivista, a história tradicional da arte mostra-se extremamente desconfiada para com toda teoria e mesmo para com toda interpretação aprofundada das obras. A crítica, por seu lado, toma quase sempre como postulado que aquilo que procura definir, iluminar na obra, o que faz com que ela seja obra de arte, escapa ao tempo e, em conseqüência, à história. Já se afirmou, no entanto, já se demonstrou, seria eu tentado a dizer, que uma reflexão bem fundamentada sobre a arte, uma ‘ciência’ da arte teria que ser, ao mesmo tempo, história e crítica.

Um outro obstáculo consiste em que a crítica choca-se, logo de princípio, contra o fato de que o visível não se pode dizer, não se reduz a um discurso. Essa dificuldade, que pode parecer insuperável, constitui, na verdade, o interesse da história da arte. Os filósofos, os psicólogos, os etnólogos vêem na arte o modelo de um meio de expressão [não-verbal], e – por motivos que não podemos procurar elucidar aqui – as artes plásticas ocupam, a esse respeito e hoje em dia, o lugar que a música ocupava na estética romântica. A história da arte, no entanto, que há meio século sofre de uma profunda estagnação teórica, não se encontra em condição de responder às perguntas que lhe são feitas.
[...]

Fonte: Zerner, H. 1976. A arte. In: J. Le Goff & P. Nora, orgs.
História: novas abordagens. RJ, Francisco Alves.

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