07 outubro 2008

Nevrose

Fontoura Xavier

Nessa tristeza mórbida, secreta,
Que te afugenta as sombras do repouso,
Eu vejo a hipocondria, a febre infecta
– Florescências do pântano do gozo.

Por uma noite de luar repleta,
Eu, contudo, quisera, fervoroso,
Sentir pulsar esta paixão discreta
No bronze do teu seio tormentoso.

Depois... morrer! beijando como o pária
Na liça da peleja sanguinária
A montanha de lodo em que se cose!

És o perfume negro, a flor do pasmo,
Que no silêncio morno do marasmo
Faz-me sonhar os estos da nevrose!...

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 4. SP, Cultrix & Edusp. Poema originalmente publicado em 1876.

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