02 julho 2008

Diagnose

Marcia Lee Anderson

Multiplicamos doenças por prazer,
Inventamos uma necessidade horrível, uma dúvida vergonhosa,
Regalamo-nos na licenciosidade, nutrimo-nos da noite,
Criamos balbúrdia no íntimo – e não saímos.

Por que sairíamos? Despojado de sutis complicações,
Quem poderia olhar o Sol senão com temor?
Este é o nosso refúgio contra a contemplação,
Nosso único refúgio contra o simples e o claro.

Quem irá sair rastejando de sob o escuro
Para ficar indefeso no ar ensolarado?
Não há terror da obliqüidade tão certo
Quanto o mais notável terror da desesperança
De saber como é simples a nossa mais profunda necessidade,
Como é intensa, e como é impossível satisfazê-la.

Fonte: Becker, E. s/d [1973] A negação da morte. RJ, Record.

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