28 fevereiro 2007

As origens da guerra

Matt Ridley

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Na década de 1950, um psicólogo alemão [sic] chamado Solomon Asch fez uma série de experiências para testar a tendência de as pessoas se conformarem por intimidação. O sujeito da experiência entrava numa sala onde havia nove cadeiras em semicírculo e era posto numa perto do fim. Outras oito pessoas chegavam, uma a uma, e ocupavam as cadeiras restantes. Sem que o sujeito soubesse, todos eram atores – cúmplices do autor da experiência. Asch então mostrava ao grupo dois cartões, um de cada vez. No primeiro havia uma linha; no segundo, três linhas de tamanhos diferentes. Perguntava-se a cada pessoa qual das três linhas tinha o tamanho da primeira. Nada muito difícil; a resposta era óbvia, porque havia uma diferença de cinco centímetros de uma linha para outra.

Mas o sujeito era o oitavo a responder, depois que os outros todos tinham dado sua opinião. E, para seu espanto, os outros sete tinham escolhido uma linha qualquer, sempre a mesma. A prova que seus sentidos lhe ofereciam contrastava com a opinião de sete pessoas. Em quem confiar? Em 12 ocasiões, de um total de 18, o sujeito seguia a multidão e escolhia a linha errada. Quando perguntados, mais tarde, se tinham sido influenciados pelas respostas dos outros, a maioria dos participantes do teste dizia que não. Não só se conformaram mas também mudaram, genuinamente, de opinião.

Essa deixa foi apanhada por David Hirshleiter, Sushil Bikhchandani e Iwo Welch, economistas matemáticos. Aceitaram o conformismo como fato e tentaram entender por que isso acontece. Por que as pessoas seguem a moda local, no tempo e no espaço? Por que o tamanho das saias, os restaurantes mais freqüentados, as variedades de colheitas, os cantores pop, as notícias, as modas culinárias, os exercícios da moda, os pânicos ambientalistas, as corridas aos bancos, as desculpas psiquiátricas, e tudo o mais, são tão tiranicamente semelhantes em qualquer tempo e lugar? Prozac, abuso de crianças com rituais satânicos, aeróbica, Power Rangers – de onde vêm essas manias? Por que o sistema de eleições primárias nos Estados Unidos funciona inteiramente com base na premissa de que as pessoas votarão em quem parece estar ganhando, de acordo com os resultados do pequeno estado de New Hampshire? Por que as pessoas são tão ovelhas?
[...]

Fonte: Ridley, M. 2000. As origens da virtude: um estudo biológico da solidariedade. RJ, Record. O psicólogo Solomon E. Asch (1907-1996) nasceu em Warsaw, Polônia.

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