24 novembro 2006

Os animais pensam e sentem como nós?

Jeffrey M. Masson & Susan McCarthy

5.
Nas Montanhas Rochosas [EUA], a bióloga Marcy Cottrell Houle estava observando o ninho dos falcões peregrinos Arthur e Jenny, enquanto os pais estavam ambos ocupados em alimentar os cinco filhotes. Um dia, pela manhã, apenas o falcão macho visitou o ninho. Jenny não aparecia de forma nenhuma e o comportamento de Arthur mudou consideravelmente. Quando chegava com comida, ele esperava no ninho, às vezes, por até uma hora antes de voar de novo e voltar a caçar, coisa que ele nunca tinha feito anteriormente. Várias vezes ele chamava pela companheira e ficava esperando pela resposta, ou olhava no ninho emitindo um piado de dúvida. Houle se esforçou para não interpretar aquele comportamento como expectativa e desapontamento. Jenny não apareceu no dia seguinte nem no próximo. Mais tarde, no terceiro dia, empoleirado no ninho, Arthur produziu um som não-familiar, “uma espécie de grito de lamento de animal ferido, o grito de uma criatura em sofrimento”. Houle, chocada, escreveu: “A tristeza do clamor era inequívoca; após tê-lo escutado, eu nunca duvidaria de que um animal pudesse sofrer emoções que nós, seres humanos, achamos que pertencem apenas à nossa espécie”.

Depois do grito, Arthur se sentou sem se mover na pedra e não se mexeu por um dia inteiro. No quinto dia após o desaparecimento de Jenny, Arthur entrou em um frenesi de caçada, trazendo comida para os filhotes, da aurora até o pôr-do-sol, sem pausa para descansar. Antes do desapareceimento de Jenny, seus esforços eram menos desesperados; Houle nota que ela nunca viu de novo um falcão trabalhar tão incessantemente. Quando os biólogos subiram ao ninho, uma semana depois do desaparecimento de Jenny, viram que três dos filhotes tinham morrido de fome, mas dois tinham sobrevivido e estavam prosperando com os cuidados do pai. Mais tarde, Houle descobriu que Jenny provavelmente tinha sido morta por um tiro. Os dois filhotes sobreviventes se emplumaram com sucesso.
[...]

Fonte: Masson, J. M. & McCarthy, S. 1997. Quando os elefantes choram: a vida emocional dos animais. SP, Geração Editorial.

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